quarta-feira, 14 de maio de 2014

Olimpíada de Matemática 0 X Olimpíada de História 10

Caros professores de história e professores de matemática,


Sabemos que para a maioria dos alunos, a aversão à matemática é tanta que, muitas vezes, perdura por toda a sua vida. É comum encontrarmos pessoas traumatizadas por reprovações em matemática e por pensar que ela serve apenas para resolver problemas com aplicação de fórmulas e cálculos exaustivos. É preciso instigar o aluno a pensar e saber aplicar a matemática na sua vida. Participo daqueles professores que procuram fazer da matemática na escola uma disciplina convidativa e prazerosa, que despertam o interesse em aprendê-la e procuram meios criativos para despertar nos alunos o interesse pela aprendizagem. Dessa forma, como professora de matemática, questiono a metodologia utilizada na prova da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP. Qual seria o objetivo desta olimpíada? Fazer com que os nossos alunos se interessem por esta disciplina ou apenas descobrir talentos? 

Bem, acredito que esteja longe se o objetivo é despertar o interesse pela matemática. Há anos, tenho observado que no dia da realização desta olimpíada, meus alunos não demonstram interesse em fazê-la e muitos ainda querem sair de sala. Os poucos que se dedicam, são aqueles que já possuem um gosto pela disciplina e trazem consigo um certo domínio do conteúdo. 

Começo analisando o instrumento utilizado para esta olimpíada: uma prova objetiva, reproduzida no papel, com questões de lógica e raciocínio, não muito distante das provas realizadas nas escolas. Por que não elaborar uma prova interativa, que pode ser feita pela internet, acessada em qualquer lugar e, em equipe?  Pois é, assim é a Olimpíada Nacional de História Brasileira - ONHB , organizada pela UNICAMP, elaborada com questões interativas, realizada por meio da internet, cheias de efeitos visuais, organizadas por equipe ( com direito a foto e nome), com apoio do professor, e muito mais. Não conhecia a olimpíada de história, e desde o ano passado, com o meu filho participando, até me entusiasmei em dar uma espiadinha nas questões. Fui me apaixonando e, percebendo que a prova tem esse dom te conquistar, de atrair o participante e também, mostrar que a prova é para todos e não, para uma minoria. Sendo em cinco fases iniciais online e em equipe, a troca de ideias entre eles faz despertar o interesse na busca pela informação. Mesmo com dúvidas na questão, o aluno tem a possibilidade de buscar a resposta por diversos meios, como a família, a escola, os amigos, os livros, entre outros e, ainda dispõe de 6 dias para finalizar cada fase. A meu ver, essa pesquisa em diversos meios não é um facilitador de respostas, mas sim uma forma de se buscar conhecimento e , promover o aprendizado. Se o aluno não sabe, ele pode buscar a informação em diferentes meios e assim, passa a compreender melhor a questão. Diferente da olimpíada de matemática, que é realizada individualmente, em locais diferentes, sem atrativos visuais, sem recursos digitais, ainda na era do papel.

 Por que ainda temos uma prova nos moldes tradicionais? Como querer que os nossos alunos sintam gosto pela matemática? Como despertar o interesse dos jovens com provas nem tão pouco inovadoras?

Vejam a opinião de alguns professores:
“Sou professora de matemática do ensino fundamental e do ensino médio  e, participo da OBMEP desde 2009. Durante essas participações já tive alguns alunos, poucos, que foram premiados com medalhas de bronze ou menções honrosas. Com a organização da prova em níveis, onde duas séries são agregadas, alguns alunos, mesmo com empenho, reclamam  o fato de serem cobrados acerca de assuntos que ainda não foram vistos. Além das questões que levam muito para o raciocínio, questões que, pela minha experiência, eles respondem com chute. Nossos alunos são imediatistas. Parece-nos que o objetivo é descobrir talentos, pequenos notáveis para serem lapidados nos projetos que ultrapassam nossos bancos escolares. Os alunos percebem isso e não sentem-se capazes de competir. Mas, é claro, há exceções.” ( Valmíria Barcellos Pereira)

“Com uma proposta inovadora, a UNICAMP tem conseguido atrair o interesse dos jovens

para a pesquisa e estudo da história. Para se ter uma ideia da importância desse evento: no ano de 2013 foram inscritas 10.400 equipes de todo Brasil! Ao elaborar questões variadas, cuja resolução pode depender de uma boa interpretação textual ou mesmo de uma pesquisa sobre a capa de um disco de vinil, por exemplo, os organizadores conseguem estimular os alunos a buscar respostas para aquele desafio específico. Além disso, as questões trazem ainda indicações de leituras complementares. Cada uma das 5 fases iniciais é feita à distância, pelo site específico da Olimpíada. Sem dúvida, essa é outra grande diferença, pois permite aos jovens utilizar um instrumento extremamente fácil para eles: a internet. Também é válido destacar que os professores tem à sua disposição um curso à distância sobre temáticas diferentes, com certificação no final.” ( Abdala Farah Neto, professor de historia do ensino médio)


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Dia Nacional da Matemática

Homenagem  ao professor de matemática Júlio César de Mello e Souza


Todo ano, comemoro o Dia Nacional da Matemática em minha escola e, neste ano não pode faltar a homenagem ao grande professor de matemática Júlio César de Mello e Souza , também um grande escritor sob pseudônimo de Malba Tahan. Nascido em 6 de maio, esta data foi decretada por lei como o Dia Nacional da Matemática.

Em clima das Arábias, com incenso, músicas e comidas de origem árabe, tapetes e velas,  a homenagem aconteceu na biblioteca do C. E. Professora Alcina R. Lima, em Niterói. Começamos com a empolgante  apresentação de dança do ventre pela professora e dançarina Laila.



Após a dança,  a homenagem continuou por meio de uma entrevista com o próprio professor Júlio César. É claro, falecido desde 1974, só poderíamos contar com a participação de um convidado trajado de Malba Tahan, que representou muito bem este grande professor e escritor.


 Sabatinado com perguntas sobre sua infância, sua formação, seus pais, seus primeiros
contos, sua contribuição aos jornais como colaborador, seus livros famosos, enfim, o convidado interpretou o papel de Júlio César relatando aos professores e aos alunos do 2º ano do Ensino Médio ,a verdadeira história deste professor de matemática e grande contador de histórias.

Muitos  ficaram surpresos ao conhecer  a metodologia que já era utilizada pelo professor Júlio César nas décadas de 30 ,40, 50,.. Entre os seus métodos, podemos citar: não reprovar, não dar grau zero e não repreender o aluno. Para Júlio César, os professores de matemática sempre foram muito cruéis com os seus alunos e se estes tiram notas baixas, a  culpa não é do aluno ,  é do professor!


Poucos também sabiam sobre a sua vida escolar. Durante a entrevista, conheceram as suas façanhas quando menino que gostava de escrever histórias com personagens de nomes esquisitos e, sendo um escritor nato, resolveu fazer as redações dos colegas, recebendo em troca 400 réis, valor na época que dava para pagar o bonde, comprar o lanche, uniforme,..




Foi um grande momento para todos os presentes, onde se pode transformar de uma forma mais prazerosa a informação em conhecimento. Acredito também que seja este o grande legado do professor Júlio César de Melo e Sousa – inserir  a matemática em suas histórias de uma forma muito mais divertida.

Veja a entrevista realizada na escola, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=JE0mBrQQOAc