Caros professores de história e professores de matemática,
Sabemos que para a maioria dos alunos, a aversão à matemática é tanta que, muitas vezes, perdura por toda a sua vida. É comum encontrarmos pessoas traumatizadas por reprovações em matemática e por pensar que ela serve apenas para resolver problemas com aplicação de fórmulas e cálculos exaustivos. É preciso instigar o aluno a pensar e saber aplicar a matemática na sua vida. Participo daqueles professores que procuram fazer da matemática na escola uma disciplina convidativa e prazerosa, que despertam o interesse em aprendê-la e procuram meios criativos para despertar nos alunos o interesse pela aprendizagem. Dessa forma, como professora de matemática, questiono a metodologia utilizada na prova da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP. Qual seria o objetivo desta olimpíada? Fazer com que os nossos alunos se interessem por esta disciplina ou apenas descobrir talentos?
Bem, acredito que esteja longe se o objetivo é despertar o interesse pela matemática. Há anos, tenho observado que no dia da realização desta olimpíada, meus alunos não demonstram interesse em fazê-la e muitos ainda querem sair de sala. Os poucos que se dedicam, são aqueles que já possuem um gosto pela disciplina e trazem consigo um certo domínio do conteúdo.
Começo analisando o instrumento utilizado para esta olimpíada: uma prova objetiva, reproduzida no papel, com questões de lógica e raciocínio, não muito distante das provas realizadas nas escolas. Por que não elaborar uma prova interativa, que pode ser feita pela internet, acessada em qualquer lugar e, em equipe? Pois é, assim é a Olimpíada Nacional de História Brasileira - ONHB , organizada pela UNICAMP, elaborada com questões interativas, realizada por meio da internet, cheias de efeitos visuais, organizadas por equipe ( com direito a foto e nome), com apoio do professor, e muito mais. Não conhecia a olimpíada de história, e desde o ano passado, com o meu filho participando, até me entusiasmei em dar uma espiadinha nas questões. Fui me apaixonando e, percebendo que a prova tem esse dom te conquistar, de atrair o participante e também, mostrar que a prova é para todos e não, para uma minoria. Sendo em cinco fases iniciais online e em equipe, a troca de ideias entre eles faz despertar o interesse na busca pela informação. Mesmo com dúvidas na questão, o aluno tem a possibilidade de buscar a resposta por diversos meios, como a família, a escola, os amigos, os livros, entre outros e, ainda dispõe de 6 dias para finalizar cada fase. A meu ver, essa pesquisa em diversos meios não é um facilitador de respostas, mas sim uma forma de se buscar conhecimento e , promover o aprendizado. Se o aluno não sabe, ele pode buscar a informação em diferentes meios e assim, passa a compreender melhor a questão. Diferente da olimpíada de matemática, que é realizada individualmente, em locais diferentes, sem atrativos visuais, sem recursos digitais, ainda na era do papel.
Por que ainda temos uma prova nos moldes tradicionais? Como querer que os nossos alunos sintam gosto pela matemática? Como despertar o interesse dos jovens com provas nem tão pouco inovadoras?
Vejam a opinião de alguns professores:
“Sou professora
de matemática do ensino fundamental e do ensino médio e, participo da OBMEP desde 2009. Durante
essas participações já tive alguns alunos, poucos, que foram premiados com
medalhas de bronze ou menções honrosas. Com a organização da prova em níveis, onde
duas séries são agregadas, alguns alunos, mesmo com empenho, reclamam o fato de serem cobrados acerca de assuntos
que ainda não foram vistos. Além das questões que levam muito para o
raciocínio, questões que, pela minha experiência, eles respondem com chute.
Nossos alunos são imediatistas. Parece-nos que o objetivo é descobrir talentos,
pequenos notáveis para serem lapidados nos projetos que ultrapassam nossos
bancos escolares. Os alunos percebem isso e não sentem-se capazes de competir.
Mas, é claro, há exceções.” ( Valmíria Barcellos Pereira)
“Com uma proposta inovadora, a UNICAMP tem conseguido atrair o interesse dos jovens
para a pesquisa e estudo da história. Para se ter uma ideia da importância desse evento: no ano de 2013 foram inscritas 10.400 equipes de todo Brasil! Ao elaborar questões variadas, cuja resolução pode depender de uma boa interpretação textual ou mesmo de uma pesquisa sobre a capa de um disco de vinil, por exemplo, os organizadores conseguem estimular os alunos a buscar respostas para aquele desafio específico. Além disso, as questões trazem ainda indicações de leituras complementares. Cada uma das 5 fases iniciais é feita à distância, pelo site específico da Olimpíada. Sem dúvida, essa é outra grande diferença, pois permite aos jovens utilizar um instrumento extremamente fácil para eles: a internet. Também é válido destacar que os professores tem à sua disposição um curso à distância sobre temáticas diferentes, com certificação no final.” ( Abdala Farah Neto, professor de historia do ensino médio)
Gostei muito de conhecer seu blog. Muita coisa interessante por aqui!
ResponderExcluirAperfeiçoar e sanar falhas em todas as ações é sempre válido. Nada deve ser estatico e professores especialistas, que convivem no dia a dia da escola tem que ter o respaldo para opinar, com certeza, no intuito de avançar sempre.