sábado, 13 de março de 2010

A Complexidade por Edgar Morin



De 11 a 29 de janeiro de 2010,na Escola Sesc de Ensino Médio do Rio de Janeiro,professores do ensino médio das escolas estaduais de diversas secretarias de educação tiveram a honra de receber ricas contribuições do filósofo francês Edgar Morin . Pesquisador emérito do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), formado em Geografia,História e Direito realizou estudos em Sociologia,Filosofia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método com 6 volumes,Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.
Sendo um dos principais teóricos da complexidade, Morin inciou sua palestra focando esse termo muito utilizado em filosofia. Trata-se de uma visão transdisciplinar de ações, fenômenos e acontecimentos que não devem ser estudados de forma fragmentada, pois elementos diferentes são inseparáveis do todo, e a unidade e a multiplicidade estão unidas. O conhecimento, por exemplo, ao longo da modernidade foi sendo fragmentado, a fim de ser explicado por partes mais simples. Esse reducionismo científico contraria o princípio da complexidade , ou seja, inibe a criatividade,o construtivismo,a criticabilidade,a dialógica e principalmente, a inventividade. Os saberes foram compartimentados, criando-se disciplinas que não se interagem. O estudo em separado de cada parte não levará ao entendimento do todo. " É necessário integrar os programas de ensino e juntar as áreas do conhecimento ante a fragmentação",comenta Morin. A educação deve promover uma inteligência geral, que trabalhe uma concepção global, a fim de tratar problemas especiais. Com o desenvolvimento das ciências criou-se as disciplinas, que trouxe alguns inconvenientes como a especialização,o fechamento e a compartimentação do saber , onde o conhecimento ficou apenas acessível por peritos de cada área.
O conhecimento não está atrelado apenas a ciência, há na literatura, nas artes e na poesia, um profundo conhecimento. " Cada um tem sua arte de viver, seus conhecimentos e suas ilusões. Devemos permitir a comunicação entre a cultura científica e humanista ", afirma Morin.
E finaliza a palestra falando sobre a ética da compreensão humana que não poderia ser ensinada por meio de lições de moral, mas na conscientização da humanização através da solidariedade,da responsabilidade e da cooperação.

terça-feira, 9 de março de 2010

Aprendizagem Criativa por Mauro Maldonato


Mauro Maldonato é médico psiquiatra italiano, professor de Psicopatologia da Universidade de Nápoles e de Psicopatologia da Idade Evolutiva e Psicologia da Comunicação da Universidade da Basilicata, além de estudioso da fenomenologia, da filosofia e da epistemologia das ciências humanas. Autor de vários livros, é colaborador do jornal italiano Corriere della Sera, diretor editorial da revista Elites e membro do conselho científico da revista italiana Pluriverso e da Associação para o Pensamento Complexo.
Sua ligação com o Brasil começou em 1998, quando participou do Seminário Internacional na Universidade Cândido Mendes, sobre ciência, pensamento e cultura no qual estavam intelectuais de diversos países sob a coordenação de Edgard Morin. Desde então, sempre é convidado e recentemente, esteve presente como conferencista do Curso de Formação Continuada para Professores de Ensino Médio , na Escola Sesc de Ensino Médio do Rio de Janeiro, em janeiro de 2010. Em sua palestra, demonstrou a grande insatisfação ante a fragmentação do conhecimento na Educação Tradicional, criada ao longo do tempo com o desenvolvimento da ciência e comenta que, antes da Modernidade não havia conhecimento fragmentado e atualmente, diante da diversidade de hábitos, costumes,comportamentos,crenças e valores, o indivíduo deve estar preparado para reagir perante ela. "O mundo é plural e incerto, dessa forma é preciso termos uma mente planetária", afirma Maldonato.
Essa diversidade nos faz repensar na aceitação da diferença do outro. Ele explica que para se adequar a tamanha pluralidade é preciso interagir entre a ordem e a desordem e, que devemos entrelaçar coisas que aparentemente estão separadas como arte e ciência, real e o imaginário e, a razão e a emoção.
Dentre as suas colocações perante a complexidade do mundo, ele também questiona a necessidade de uma aprendizagem criativa para a produção de novas ideias fazendo uma analogia com a música: " Um indivíduo que segue a rigidez de uma partitura musical é um indivíduo sem criatividade que não faz uso da improvisação, apenas reproduz." Em contra partida, citou a ópera Flauta Mágica, de Mozart : " Mozart não inventou formas novas, mas executou com perfeição todas as que existiam em seu tempo com muita inventividade."

Praticando a Interdisciplinaridade com Textos


Durante o curso de Formação Continuada para professores de Ensino Médio que aconteceu na Escola Sesc do Rio de Janeiro em janeiro de 2010, os professores presentes puderam receber contribuições teóricas e práticas do professor Doutor em Linguística e Filologia Românica, Francisco Platão Savioli. 

De acordo com Savioli, a heterogeinidade de um texto obriga o aluno a agregar conhecimentos de diversas áreas para uma melhor compreensão do mesmo. 

Quando no texto aparecem conteúdos que nos fazem remeter para outras áreas, passamos a ter uma mente ampla através desse esforço gerado para o entendimento da linguagem do outro. Essa é uma leitura interdisciplinar que praticada com frequência pelo aluno, faz com que ele domine além do conhecimento linguístico propriamente dito, um repertório de informações exteriores ao texto, o que se costuma chamar de conhecimento do mundo

Nesse curso de capacitação, Savioli nos explica que, a compreensão de um texto depende também do conhecimento do mundo, o que nos leva à conclusão de que o aprendizado depende não somente das aulas de português, mas também de todas as outras disciplinas. Um pequeno exemplo, podemos citar um trecho de um texto:" ... a população da cidade de Marianápolis está crescendo em progressão geométrica...". Nesse caso, as informações sobre a cidade nos remete para a definição de progressão geométrica, assunto da área de matemática, que se o leitor não souber o que é uma progressão geométrica, não compreenderá o texto.
Três questões básicas foram apontadas por Savioli para se compreender um texto: 
1ª) qual é a questão de que o texto trata? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor será obrigado diferenciar as questões secundárias da principal, ou seja, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor não sabe dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de maneira confusa, é sinal de que ele não tem repertório suficiente para compreender o que está sendo lido. 

2ª) qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Disseminados pelo texto, aparecem vários indicadores da opinião de quem escreve. Por isso, uma leitura competente não terá dificuldade em identificá-la. Não saber dar resposta a essa questão é um sintoma de leitura dispersiva.

3ª) quais são os argumentos utilizados pelo autor par fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor é também um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto significa acompanhar com atenção o seu percurso argumentatório.

A leitura é um trabalho interdisciplinar indispensável na prática do professor de qualquer disciplina e deve ser obrigação da escola, de modo a ampliar e diversificar as visões e interpretações do aluno. Assim, se tornarão formadores de opinião.

domingo, 7 de março de 2010

Ensino Médio Inovador



Prof. Sergio Pimentel
durante a formação continuada

Para o ano letivo de 2010, o MEC em parceria com as secretarias estaduais de educação lançou um novo programa de ensino pra as escolas estaduais. 

O programa chamado de Ensino Médio Inovador surgiu como uma forma de incentivar as redes estaduais de educação a criar iniciativas inovadoras para o ensino médio. 

A intenção é estimular essas redes estaduais a pensar novas soluções que diversifiquem os currículos com atividades integradoras, a partir dos eixos temáticos trabalho, ciência,tecnologia e cultura, para melhorar a qualidade de educação oferecida nessa fase de ensino e torná-la mais atrativa

A proposta do MEC tem cinco questões centrais a serem discutidas no currículo do ensino médio. A primeira é estudar a inclusão de disciplinas da carga horária mínima do ensino médio para 3000 horas - um aumento de 200 horas a cada ano. Outra mudança é a inclusão de disciplinas eletivas para abordar novas técnicas e tecnologias para garantir a formação atualizada do aluno que poderá escolher 20% de sua carga horária e grade curricular, dentro das atividades oferecidas pela escola. Faz parte ainda da proposta, associar teoria e prática com grande ênfase a atividades práticas e experimentais, como aulas práticas, laboratórios e oficinas, em todos os campos do saber; valorizar a leitura em todas as áreas do conhecimento; e garantir formação cultural ao aluno. 

A primeira etapa do programa aconteceu em janeiro de 2010 com um curso de formação continuada na Escola SESC de Ensino Médio do Rio de Janeiro para os professores do ensino médio das 354 escolas que aderiram ao programa. Esses professores do ensino médio foram capacitados durante 7 dias por meio de oficinas artísticas,palestras,conferências, debates e trabalhos em grupos, onde receberam contribuições teóricas e práticas para a construção da interdisciplinaridade, da improvisação e da integração de conhecimentos na sua totalidade. 
Professora Elenise Zaccur e
o o filósofo Edgar Morin durante a palestra
sobre fragmentação das disciplinas.


A análise teórica teve foco em áreas de Código de Linguagem, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Ciências Sociais, expressada por eminentes educadores, como o filósofo francês Edgar Morin, o médico psiquiatra italiano e professor de psicopatologia Mauro Maldonato e o doutor em linguística e filologia românica Francisco Platão Savioli.


Professor Francisco Savioli e
 os professores participantes do Colégio Alcina





Apenas duas escolas de Niterói foram selecionadas pela secretaria do estado, uma delas o Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima que participou do curso de formação continuada, levando como proposta curricular o estímulo aos alunos para reflexão sobre o seu próprio conhecimento e a competência da leitura.